segunda-feira, 19 de abril de 2010

Crônicas de um bar...


- Amigo, um chopinho, por favor...
Em questão de minutos, era a sétima ou oitava vez que eu clamava pela atenção de alguma boa alma do outro lado do balcão. Balada lotada é assim: sempre um inferno pra se conseguir uma bebida. Um batalhão de gente sedenta em volta do bar, suplicando por uma cerveja gelada, uma caipirinha, um uísque com energético , uma vodca...
Benett / - Amigo, ô, amigo... Aqui, aqui, aqui... Tira um chopinho lá, vai, por favor... - outra tentativa frustrada.
Já ia desistindo, quando olhei para o lado e vi uma moça bonita, morena alta, cabelos lisos, olhos grandes, daquelas que todo cara dá atenção.
Estava ali a solução do problema!
Como se vestisse a nove no costado, parti feito um centroavante rompedor em direção ao ataque. Daquele belo rostinho poderia sair não apenas o chope para matar a sede mas, por que não, o também chamado algo a mais.
- Oi, moça. Tudo bem?
- Tudo...
- Preciso de uma ajuda sua, por favor...
- Diga.
- Olha, eu estou aqui há não sei quanto tempo tentando pegar um chope, um simples chopinho. Só que nenhum daqueles caras ali do bar me dá a menor bola. Sei lá, parece que não me escutam... Então, pensei, “puxa, bem que aquela moça poderia me ajudar...”
- Como?
- Sabe como é, você é bem bonita. E esses caras ali, bom, esses caras sempre atendem às mulheres bonitas primeiro. Moças como você não precisam se humilhar, ficar implorando por uma bebida à beira no balcão. Daí, me veio a ideia: “Ela bem que podia me dar uma forcinha e pedir um chope pra mim...” Topa?
A moça riu do pedido – essa cantada nunca havia levado. Mas achou engraçada a história e aceitou ajudar.
- Tá bom, peço, sim. Deixa comigo!
Foi ela se virar em direção ao bar com a ficha de consumação na mão para que o barman viesse atendê-la no mesmo instante. Hipnose? Feitiço? Magia negra? Não. Nada além de um belo e eficiente sorriso utilizado com um propósito muito bem definido.
- Pois não, querida, diga! - veio com uma cara toda amável e fraternal de anjinho barroco o mesmo barman truculento que pouco antes havia me dito que outras pessoas estavam na frente pra serem atendidas.
- Um chope, por favor.
- É pra já, meu amor! - o barman foi logo enchendo o copo - Está aí. Algo mais?
- Não, só isso. Obrigada!
Ela entregou o chope, eu não perdi a oportunidade de engrenar o bate-papo:
- Você salvou minha vida! Não falei que pra mulher bonita a coisa é mais fácil...
Segui elogiando a menina, dizendo como ela era bonita e simpática. Ela achando tudo o que eu dizia engraçado, rindo de todos aqueles galanteios.
E quando finalmente me senti confiante para se arriscar em um lance mais ousado no gramado do jogo da sedução, chegou um sujeito muito do intrometido que a abraçou por trás e a beijou.
- Esse é meu namorado. Agora se você me dá licença, tenho que ir. Boa sorte aí no bar.
Diante disso, não restou outra opção senão voltar ao balcão do bar e novamente suplicar ao barman:
- Amigo, um chopinho, por favor...

2 comentários:

  1. Isso é coisa do Jean...
    Curti a crônica, escreva mais coisas desse tipo...pareçe que estou vendo você no bar com o copo na mão hahahahahaha

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  2. kkkkkkk...certeza que é coisa da vida do Jean!
    Fico da hora véio...melhor que esses cara dos jornais da city

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